"Estar morrido"
A Rute é uma menina muito curiosa e por vezes deparo-me com algumas perguntas que me deixam sem saber o que responder.
Há uns tempos atrás ela andava sismada com a morte.
Felizmente nunca enfrentou a perda de ninguém que ela conhecesse.
As brincadeiras recaiam muitas vezes sobre o verbo "estar morrido".
Ainda hoje de vez em quando ela e o Lucas brincam aos "morridos".
Ela diz para ele
- 'Lucas, queres brincar aos morridos?
E ele diz sempre que sim.
Então, ele deita-se no chão de olhos fechados e inerte, e ela arrasta-o pela casa ora agarrando-o pelos braços ora pelas pernas e dizendo:
- 'Vou levar este morrido para a sala' - e arrasta-o para a sala. A mesma coisa para as outras divisões da casa.
Uma vez a Rute fez-me a pergunta:
- Mãe, o que acontece quando estamos morridos?
Ops!!!! Apanhou-me desprevenida....
Eu fiquei breves segundos a pensar qual seria a melhor resposta a dar, sem que ela ficasse alarmada nem pudesse suscitar outro tipo de perguntas para as quais eu não soubesse a resposta.
Não queria que ela pensasse que era muito mau, porque ela depois ficava sempre a pensar nisso, nem queria que ela pensasse que era muito bom.
Então disse-lhe:
- Filha, quando morremos é como se ficassemos a dormir para sempre.
Mas ela não se convenceu.
No outro dia perguntou ao pai:
- Pai, o que acontece quando estamos morridos?
E o pai disse a frase da prache:
- Vamos para o céu.
Ao que ela perguntou (era isto que eu receava):
- Fazer o quê?
E a seguir disse:
- Dormir?
O pai disse que não mas também não adiantou mais.
Ela tentou dar seguimento à conversa dizendo:
- Então?
Ele bem olhou para mim como que a pedir ajuda mas eu também não sabia o que dizer na altura.
E continuava a fazer perguntas:
- E vamos como? Não temos asas.
Olhou para mim novamente. Pois, eu também não sei.... :-)
Então o pai rematou a frase final:
- Olha, amanhã perguntas à Ana (educadora).
Estamos safos!!
Neste momento ela só sabe que "estar morrido" significa não ver mais a mãe, o pai, os manos, os amigos, etc.
Ah!! É verdade, já me ía esquecendo doutra situação.
Uma das coisas que eu lhe tinha dito é que as pessoas só morrem quando estão muitooo velhinhas.
Uma vez íamos no carro com a avó, e a avó, já não me lembro da situação disse:
- A avó já está velha, filha.
Ela olhou rapidamente para mim, abriu a boca surpreendida, e segredou-me
- A avó vai morrer, mãe?
Ao que respondi
- Não. Só quando for muiiitoooo velhinha!
No outro dia, estavam eles a começar a comer e eu estava cansada. Claro que veio o pedido habitual:
- Mãe, ajuda-meeee...
Ao que eu respondi:
- Filha, a mãe está a morrer de fome!
Ela rapidamente segurou a colher e levou a comida à boca, dizendo:
- Se a mãe morrer, eu vou chorar muito.
Nessa altura eu fiquei um pouco preocupada com o assunto, sobre o que é que havia de lhe dizer de acordo com a idade dela, então falei com algumas amigas minhas que também têm filhos desta idade. E é engraçado como as reacções das crianças são tão diferentes.
Quando eu falei com uma amiga minha, ela disse-me que as filhas também andavam a fazer esse tipo de perguntas. A mãe tinha-lhes dito que iam para o céu e que era lá que estava o avô e a avó. Uma delas a seguir disse:
- Mãe, eu quero morrer para ir ver a avó e o avô.
Diz a minha amiga que se arrepiou toda e que também ela ficou a pensar se tinha sido a resposta certa.
Já a filha duma colega minha perguntou à mãe:
- Ó mãe, o que é que há no céu?
Ao que a mãe respondeu:
- Só coisas boas, filha.
Daí obteve-se uma simples pergunta:
- Há lá croquetes?
É que a menina adora croquetes. :-)
Há uns tempos atrás ela andava sismada com a morte.
Felizmente nunca enfrentou a perda de ninguém que ela conhecesse.
As brincadeiras recaiam muitas vezes sobre o verbo "estar morrido".
Ainda hoje de vez em quando ela e o Lucas brincam aos "morridos".
Ela diz para ele
- 'Lucas, queres brincar aos morridos?
E ele diz sempre que sim.
Então, ele deita-se no chão de olhos fechados e inerte, e ela arrasta-o pela casa ora agarrando-o pelos braços ora pelas pernas e dizendo:
- 'Vou levar este morrido para a sala' - e arrasta-o para a sala. A mesma coisa para as outras divisões da casa.
Uma vez a Rute fez-me a pergunta:
- Mãe, o que acontece quando estamos morridos?
Ops!!!! Apanhou-me desprevenida....
Eu fiquei breves segundos a pensar qual seria a melhor resposta a dar, sem que ela ficasse alarmada nem pudesse suscitar outro tipo de perguntas para as quais eu não soubesse a resposta.
Não queria que ela pensasse que era muito mau, porque ela depois ficava sempre a pensar nisso, nem queria que ela pensasse que era muito bom.
Então disse-lhe:
- Filha, quando morremos é como se ficassemos a dormir para sempre.
Mas ela não se convenceu.
No outro dia perguntou ao pai:
- Pai, o que acontece quando estamos morridos?
E o pai disse a frase da prache:
- Vamos para o céu.
Ao que ela perguntou (era isto que eu receava):
- Fazer o quê?
E a seguir disse:
- Dormir?
O pai disse que não mas também não adiantou mais.
Ela tentou dar seguimento à conversa dizendo:
- Então?
Ele bem olhou para mim como que a pedir ajuda mas eu também não sabia o que dizer na altura.
E continuava a fazer perguntas:
- E vamos como? Não temos asas.
Olhou para mim novamente. Pois, eu também não sei.... :-)
Então o pai rematou a frase final:
- Olha, amanhã perguntas à Ana (educadora).
Estamos safos!!
Neste momento ela só sabe que "estar morrido" significa não ver mais a mãe, o pai, os manos, os amigos, etc.
Ah!! É verdade, já me ía esquecendo doutra situação.
Uma das coisas que eu lhe tinha dito é que as pessoas só morrem quando estão muitooo velhinhas.
Uma vez íamos no carro com a avó, e a avó, já não me lembro da situação disse:
- A avó já está velha, filha.
Ela olhou rapidamente para mim, abriu a boca surpreendida, e segredou-me
- A avó vai morrer, mãe?
Ao que respondi
- Não. Só quando for muiiitoooo velhinha!
No outro dia, estavam eles a começar a comer e eu estava cansada. Claro que veio o pedido habitual:
- Mãe, ajuda-meeee...
Ao que eu respondi:
- Filha, a mãe está a morrer de fome!
Ela rapidamente segurou a colher e levou a comida à boca, dizendo:
- Se a mãe morrer, eu vou chorar muito.
Nessa altura eu fiquei um pouco preocupada com o assunto, sobre o que é que havia de lhe dizer de acordo com a idade dela, então falei com algumas amigas minhas que também têm filhos desta idade. E é engraçado como as reacções das crianças são tão diferentes.
Quando eu falei com uma amiga minha, ela disse-me que as filhas também andavam a fazer esse tipo de perguntas. A mãe tinha-lhes dito que iam para o céu e que era lá que estava o avô e a avó. Uma delas a seguir disse:
- Mãe, eu quero morrer para ir ver a avó e o avô.
Diz a minha amiga que se arrepiou toda e que também ela ficou a pensar se tinha sido a resposta certa.
Já a filha duma colega minha perguntou à mãe:
- Ó mãe, o que é que há no céu?
Ao que a mãe respondeu:
- Só coisas boas, filha.
Daí obteve-se uma simples pergunta:
- Há lá croquetes?
É que a menina adora croquetes. :-)
3 Comentários:
Ana,
Pois é a morte suscita muita curiosidade...mas o melhor é explicar que só se morre depois de ficar bem velhinho...(olhando para a natureza e pela ordem natural das coisas). Não sabemos o que aconterá amanhã..mas temos que securizá-los.
Sim, a mãe não morre, fica com eles até sermos todos muito velhinhos.É isso que dizia aos meus.
Beijinho
Olá Ana,
Já não vinha aqui há alguns dias e estive a ler deliciada uma série de histórias... tens tanta coisa para contar! Pudera! Beijinhos grandes
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