quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Os amigos do Lucas

O Lucas quando foi para o infantário (com 1 anito) integrou-se muito bem.
Com o decorrer do tempo foi-se formando na sala dele aquilo a que eu chamo a turma do castigo.
Isto porquê? Porque ele e mais 3 meninos e uma menina quase todos os dias ficam de castigo devido ao tipo de brincadeira favorita - as lutas.
A esta menina ele chama namorada uma vez que é a única menina da sala que luta com ele.

Quando o Lucas fez 3 anos eu festejei o aniversário dele em casa e dei-lhe a oportunidade de seleccionar três ou quatro amiguinhos da sala dele para a dita festa. Claro que ele foi escolher a turma do castigo.

Quando se estava a aproximar o dia da festa fui falar com a educadora dele, que me disse que se aproveitava da festa para lhes dizer 'Se não se portam bem não vão à festa do Lucas.'. Também ouvi outras coisas como 'Não sabe no que se vai meter' e 'Olhe que eles são levados da breca'.

O pai de um desses meninos quando soube da dita festa foi falar com a educadora. Estava preocupado porque o filho é muito rabino e ele tinha medo que fizesse alguma asneira. A isto a educadora só teve uma resposta
- Deixe lá que eles foram escolhidos a dedo!

Bom, a verdade é que foi uma injustiça muito grande porque afinal os meninos portaram-se todos muito bem. De vez em quando lá tinhamos que nos desviar no hall de entrada porque havia dois ou três a brincar às lutas na brincadeira, claro.

Nessa altura todas as noites o Lucas me dizia:
-Ó mãe eu sou amigo do Hugo Silva, do Tomás Magalhães, do João Amaral e do Diogo Caxeiro.

O Tomás Magalhães dá-se muito com a turma do castigo embora não fique de castigo. O pobrezito deixa-os fazer tudo com ele. Ele também veio à festa e por algumas vezes tive de me dirigir à respectiva turma porque o deitavam no chão, punham-lhe uma almofada por cima e ficavam a passar por cima dele para lá e para cá. O menino só dizia 'Ai, ai. Ai, ai'.

Uma vez o Lucas pediu para o Tomás Magalhães vir brincar cá a casa e eu deixei o meu contacto e combinei com a mãe dele.
Entenderam-se muito bem. O amigo dele tenta sempre evitar os conflitos, e o Lucas tão depressa estava a atirar-lhe com brinquedos como rapidamente se agarrava a ele aos beijinhos a dizer que era amigo dele e que gostava dele.
Quando a mãe do Tomás o veio buscar perguntou-me qual seria a escola em que eu estava a pensar pôr o Lucas. Ela gostava que eles ficassem juntos porque desta forma, e dada a forma pacifica do menino, o Lucas sempre podia defendê-lo em casos de crise infantil.
É verdade, mais vale dar que levar. Mas acho que este miudo vai-me dar muitas dores de cabeça quando for para a escola!!!!

Uma vez estávamos nós numa esplanada com os miudos e chega um ciganito ao pé dele e avia-lhe uma belinha. Eu olhei para a mãe do ciganito e ela pediu-me logo desculpa e foi-se embora com o filho. O meu Lucas logo a seguir virou-se para mim para falar. Eu pensei que ía fazer queixinhas ou dizer que o menino era mau, em vez disso disse:
-Ó mãe, eu gosto daquele menino.
És mesmo masoquista, meu filho!!!!!!

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